sábado, 15 de maio de 2010

Polêmicas (e detalhes) nas convocações da Seleção Brasileira desde 1930






1930 - O Brasil fora representado só por jogadores que atuavam nos clubes cariocas. Começa daí a rixa com os paulistas. Mas Araken Patusca (Abraham Patusca da Silveira, foto ao lado) foi o único jogador paulista a defender a seleção brasileira que disputou esta copa por estar brigado com seu clube, o Santos.




Flávio Costa e Heleno: desafetos
1950 - O técnico Flávio Costa foi duramente criticado por ter convocado o jogador Alfredo II por este ser reserva no Vasco da Gama. "Preciso de um coringa", foi sua explicação.
Também pediam a convocação de Leônidas da Silva, mas este já contava com 36 anos de idade, e até do grande Heleno de Freitas, mas Heleno já mostrava sinais de desequilíbrio mental e se tornara um desafeto de Flávio Costa. Segundo o próprio Heleno, se ele estivesse dentro de campo na final, os uruguaios não teriam se criado.


1954 - José Carlos Bauer é único jogador titular que participou da campanha de 1950 e que foi convocado em 1954. Grandes craques como Danilo, Zizinho, Ademir e Jair Rosa Pinto, ainda em forma, não foram chamados por terem criado fama negativa devido à derrota na Copa anterior. Talvez se Zezé Moreira mantivesse a base de 50, com novos craques da época, não teríamos sucumbido à Hungria na segunda fase...














Bauer: remanescente de 1950

1958 - Fato inédito foi o ponta-direita Júlio Botelho ter recusado a convocação em 1958. Em carta à então CBD, Julinho, como era chamado, escrevera que se achava em plena forma física e técnica e nada o emocionava tanto quanto representar seu país no esporte. Mas jogava na Fiorentina da Itália, e não achava justo tomar o lugar daqueles que ficaram no Brasil disputando a vaga, agradecendo e finalizando o assunto.
Se Julinho tivesse ido, Mané Garrincha não teria aparecido para o mundo, pois o titular da ponta-direita era Joel, do Flamengo e consequentemente Garrincha não seria convocado. Garrincha estreou contra a URSS, arrasou na Suécia, ajudando nossa seleção a ser campeã mundial pela primeira vez.

1966 - A CBD achava justo que os campeões de 1958 e 1962 fossem tri em 1966. O tricampeonato era considerado "favas contadas", e foram convocados jogadores muito veteranos como Gilmar, Bellini, Djalma Santos, Orlando, Zito, e Mané Garrincha sofria demais com os problemas no joelho. Dos bicampeões, apenas Pelé foi convocado pelo que estava jogando. Foram deixados no Brasil ótimas promessas como Carlos Alberto Torres, Paulo Borges e Djalma Dias. Resultado: eliminados na primeira fase.

1970 - O Brasil vivia sua ditadurazinha particular, e o Presidente Médici, General do Exército, sugeria pela imprensa ao técnico João Saldanha a convocação de Dario, atacante do Atlético Mineiro. Saldanha, comunista e sem papas na língua, respondeu também pela imprensa que não dera palpite na escalação do ministério dele, então que Médici não se metesse na sua convocação. Foi apenas um estopim para tirar Saldanha. Logo depois, o resultado: Saldanha não convocou Dario, e foi demitido. Zagalo convocou Dario e manteve seu emprego até 1974. Brasil tricampeão, mas graças à base do time que Saldanha montara nas eliminatórias.

1974 - Novas caras brasileiras, novas e grandes seleções na Europa. A safra brasileira não era das melhores. Pelé, ainda em forma e com 33 anos, recusou a convocação; já havia se despedido da seleção em 1971. Apesar da imposição do governo militar brasileiro, o Rei não voltou atrás. Gérson, fora de forma, não foi convocado e Tostão, com problemas na visão, abandonara o futebol antes da Copa. Os três formavam o alicerce do time de 1970. Os remanescentes, Rivelino, Jairzinho e Paulo Cézar Caju não encontraram seu melhor futebol. Ademir da Guia, o divino, foi convocado mas só entrou na disputa do terceiro lugar contra a Polônia. Zagalo conseguiu um quarto lugar, e foi de bom tamanho.

1978 - O truculento Chicão, cabeça-de-área do São Paulo, foi chamado em vez do clássico Falcão, que mais tarde seria o Rei de Roma. Paulo Cézar Caju criticou as premiações baixas nas eliminatórias e fora cortado por indisciplina. O técnico Cláudio Coutinho, Capitão do Exército, improvisara o quarto-zagueiro Edinho na lateral-esquerda em vez de chamar o especialista Júnior, do Flamengo, que ainda não era o maestro, mas já sabia de tudo da posição. "Somos campeões morais", foi a clássica frase citada por Coutinho ao conseguir o terceiro lugar.

1982 - Telê Santana não quis um atacante especialista no setor direito, e o vai-e-vem do lateral Leandro, de uma linha de fundo a outra, era um trabalho para o Super-Homem. Aliás, tínhamos Tita no banco, que já jogava com Leandro no Flamengo, mas o teimoso técnico mineiro manteve a seleção "capenga" desse lado.

1986 - Revoltado com o corte do atacante Renato Gaúcho, Leandro não compareceu ao embarque para o México em solidariedade ao colega de farra, apesar das súplicas de Zico e Júnior, que foram à sua residência buscá-lo em cima da hora, em vão. Para seu lugar Telê Santana, pela segunda vez o técnico, convocou Josimar, lateral-direito do Botafogo, que fez dois golaços de fora da área: um contra a Irlanda do Norte e o outro contra a Polônia.
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Poucos sabem, mas Pelé, aos 45 anos de idade, se colocara à disposição de Telê para disputar essa Copa. O Rei queria ajudar Zico e companhia nem que fosse para jogar apenas um tempo ou alguns minutos, e não estava de brincadeira: falava sério. Considerando a atitude fora de propósito, Telê não levou em consideração o nobre e corajoso gesto do Rei Pelé.

1990 - Sebastião Lazaroni convocou apenas 10 jogadores que atuavam em clubes brasileiros. Dos titulares, apenas o goleiro Taffarel e depois Mauro Galvão e Ricardo Rocha jogavam no Brasil. Era uma época de grave crise financeira no país, então houve um grande êxodo de atletas para o exterior. Apesar de ainda estar em plena forma física e técnica, e ainda atuar no pesado futebol de areia, o maestro Júnior, com 36 anos de idade e já jogando no meio de campo, poderia ter evitado o fracasso da seleção, mas Lazaroni o deixou no Brasil. Pedidos para a convocação de Zico foram feitos, mas próprio Galinho não se considerava na forma física ideal para a disputa de um torneio tão importante. E "los hermanos" argentinos nos tiraram do páreo no quarto jogo.

1994 - A dupla Parreira-Zagallo, respectivamente técnico e coordenador técnico da Seleção, só convocou Romário no último jogo das eliminatórias, cedendo à pressão nacional. E fez bem em ceder: Romário fez os dois gols contra o Uruguai na última partida, garantiu a seleção na Copa, o Brasil foi tetracampeão e o baixinho, peça fundamental na conquista, foi eleito o melhor jogador do mundo no ano.

1998 - Apenas oito jogadores brasileiros dos 22 convocados atuavam em clubes do país. Romário foi convocado a princípio mesmo lesionado, pois os médicos achavam que a contusão na panturrilha ficaria curada a tempo do baixinho estrear nos gramados franceses... mas não deu para disputar sua terceira Copa. O volante Emerson foi chamado para substituí-lo.
Foi nessa Copa a estréia de Ronaldo Fenômeno (havia sido convocado em 1994, mas nem entrou em campo) e o mundo presenciou a França campeã pela primeira vez, numa partida contra o Brasil, em cujos bastidores surgiram histórias envolvendo Ronaldo, a CBF e seu contrato com a Nike, que até hoje estão mal contadas.

2002 - A imprensa pressionava; o povo pedia; até o presidente da CBF Ricardo Teixeira fez lobby para a convocação de Romário para essa Copa. O próprio apelou via lágrimas em cadeia nacional que queria disputar seu derradeiro Mundial. Mas o técnico Felipão foi firme e preferiu levar Edilson Capetinha, Luisão, Denílson, Rivaldo, e os Ronaldos (o Fenômeno e o Gaúcho) como opções para o ataque. O baixinho ficou no Brasil, mas Ronaldo Fenômeno, após meses e meses em tratamento no joelho, deu a volta por cima e tornou-se artilheiro com 8 gols na Copa em que fomos Pentacampeões.

2006 - Junto com a convocação mais recente, da seleção de 2010, essa se iguala em número de brasileiros atuantes em seus times no país. Apenas 3: Rogério Ceni e Mineiro (ambos do São Paulo FC - este último chamado para o lugar de Edmilson, do Barcelona, por contusão), e Ricardinho (Corinthians). Para 2010, irão Gilberto (Cruzeiro), Kleberson (Flamengo) e Robinho (Santos)

2010 - Já falei em post anterior que não se deve abrir mão de verdadeiros talentos (leia-se Paulo Henrique Ganso e Neymar) para uma disputa tão importante, valendo o título mundial.

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