terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sambas-Enredo que não saem da boca do povo



Com tantos desfiles de escolas de samba realizados até hoje, acho incrível que nos últimos quase 20 anos não ouvi um samba-enredo cujo refrão ficasse eternizado na cabeça do povo. O último foi, sem sombra de dúvida, o emblemático

"Explode Coração! / Na maior Felicidade! / É lindo meu Salgueiro! / Contagiando e sacudindo essa Cidade"

da Acadêmicos do Salgueiro em 1993, campeã com justiça nesse ano. Depois, nenhum! Que pena... será que os compositores perderam o viço?

A própria Acadêmicos do Salgueiro tem um até hoje cantado e executado até a exaustão em bailes de carnaval: "Festa para um rei negro - Ô lelê, ô lalá, pega no ganzê, pega no ganzá" de 1971, ano no qual a escola vermelha e branca também levantou o campeonato.

E muito mais outros de muito mais escolas, inclusive a esquecida Em Cima da Hora dos mesmos azul e branco portelenses, sediada no subúrbio carioca de Cavalcante. Hoje em dia a "Em Cima" está no Grupo C, após dois anos no D. Mas quem não lembra do belíssimo samba "Os Sertões" de 1976, considerado por especialistas um dos mais bonitos de todos os carnavais?



"Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil,
Oh! solitário sertão
De sofrimento e solidão
a terra é seca
mal se pode cultivar
morrem as plantas
e foge o ar
a vida é triste
nesse lugar

Sertanejo é forte
supera a miséria sem fim
Sertanejo, homem forte
dizia o poeta assim"






Os sambas dos anos 60 começavam a se destacar como inesquecíveis, como do Império Serrano em 1964, com Aquarela do Brasil (vejam, essa maravilha de cenário...), mas as décadas de 70 e 80 foram as mais criativas em termos de composições de sambas-enredo, daqueles mesmo que citei anteriormente que jamais saíram da boca do povo. Vamos a alguns deles:

- Acadêmicos do Salgueiro, 1972 - Minha Madrinha, Mangueira Querida (ôôô, ó meu senhor... tengo, tengo, Santo Antônio chalé / minha gente é muito samba no pé);

- Beija-Flor, 1983 - A constelação das estrelas negras (Piná, êêê, Piná, a cinderela negra...)

- Beija-Flor, 1978 - A Criação do Mundo Na Tradição Nagô (Ierêrê, Ierê, Ierê, ôôôô)

- Beija-Flor, 1976 - Sonhar com rei dá leão (Sonhar com filharada, é um coelhinho / com gente teimosa, na cabeça dá burrinho...)

- Beija-flor, 1977 - Vovó e o Rei da Saturnália na Corte Egipciana (não chore não, vovó, não chore não)

- Imperatriz Leopoldinense, 1981 - O Teu Cabelo Não Nega (Só Dá Lalá) (Neste palco iluminado só dá Lalá, és presente imortal)

- Império Serrano, 1972 - Alô Alô Taí Carmen Miranda (cai, cai, cai, cai, quem mandou se levantar)

- Império Serrano, 1982 - Bum bum Paticumbum Prugurundum (o nosso samba, minha gente, é isso aí... contagiando a Marquês de Sapucaí)

- Mangueira, 1976 - No Reino da Mãe do Ouro (ôbabá, ola ôbabá, é a mãe do ouro que vem nos salvar)

- Mangueira, 1984 - Yes, Nós Temos Braguinha (é no balancê, balançá, que eu quero ver balançar, é no balanço que a Mangueira vai passar)

- Mangueira, 1983 - Verde que te quero rosa...semente viva do samba (Mangueira é, um canto de fé, que leva o samba na poeira e no pé)

- Portela, 1979 - Incrível, Fantástico, Extraordinário (ôôôôôôôôôô, alegria já contagiou, a ordem do Rei é brincar quatro dias sem parar)

- Portela, 1981 - Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de Uma Noite (O mar, ôi o mar, por onde andei mareou, mareouuu)

- Portela, 1984 - Contos de Areia (Oke, Oke, Oxóssi, faz nossa gente sambar, Portela é canto no ar)

- Unidos de Vila Isabel, 1980 - Sonho de um Sonho (Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado...)

- União da Ilha do Governador, 1978 - Como será o amanhã (Como será o amanhã, responda quem souber...)

- União da Ilha do Governador, 1980 - Bom, Bonito e Barato (Muito bom, o meu bonito é barato, Da simpatia, o retrato, Do povo no carnaval)

Isso tudo sem contar as versões alternativas que as torcidas dos clubes de futebol faziam para incentivar suas equipes nos estádios, mudando apenas as letras e mantendo a música.


Não consigo colocar MP3 aqui, mas se você for no You Tube achará todos eles na busca. Foi assim que criei o meu "Greatest Hits" particular dos melhores sambas de todos os tempos!
Aproveite e, caso for num baile de carnaval, ou sair em algum bloco - ainda dá tempo - cante junto com o DJ.











Não se esqueça: não beba álcool em excesso, tome só bastante juízo!
Bração!

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