domingo, 13 de março de 2011

Baterias das escolas de samba - paradinha para um minuto de silêncio.



Todas as escolas que se classificaram abaixo da campeã carioca de 2011 voltaram ao Sambódromo nesse sábado - entrando pela madrugada de domingo - para provar que o título poderia estar em outras boas mãos que não fossem da Beija-Flor de Nilópolis.
Os integrantes do Salgueiro, Unidos da Tijuca e Mangueira desfilavam como se tivessem ganhado uma segunda chance, como se o desfile tivesse dois turnos, igualzinho ao campeonato carioca: a Beija-Flor ganhando a Taça Guanabara, correspondente ao primeiro turno, e quem ganhasse a Taça Rio, correspondente ao segundo turno, disputaria o título com a escola de Nilópolis. A não ser que esta ganhasse o segundo turno também, aí seria campeã direto. Se as escolas Mangueira ou Salgueiro, que mais uma vez estiveram sensacionais, uma delas ganhasse "o segundo turno do desfile das Escolas de Samba", disputaria uma final contra a Beija-Flor no próximo fim de semana. Então teríamos outra novidade: prorrogação do carnaval carioca por mais uma semana. O povo merece!
Já que pipocam tantas reclamações - a maioria delas com razão - relativas aos critérios de notas dos jurados, por que não adotar o mesmo esquema do campeonato carioca? Assim todos teriam uma segunda chance. Como aceitar uma nota revoltantemente baixa para a bateria impecável e emocionante da Mangueira, inovando uma paradinha de cerca de 30 segundos, fazendo ouvir unicamente a galera do Sambódromo entoar seu samba? Criativamente fantástico!
Infelizmente, de uns anos para cá, essas indignações repercutem contra a escola de Nilópolis com suposições de que esta ganha o apoio da Rede Globo, única emissora de televisão com direitos de transmitir ao vivo o desfile oficial. Malandramente, a Beija-Flor escolheu como enredo um dos brasileiros mais amados, contratado pela Globo para seu tradicional show de fim de ano. Lembrando Roberto Carlos na apresentação em Copacabana no final de 2010, estava presente a bateria da escola, e, pasmem, com o prefeito Eduardo Paes agitando um chocalho na bateria! E o velho diretor-geral da emissora, Boni, num carro de destaque da Beija-Flor? Mera coincidência ou estava a trabalho, dirigindo alguma ala?
Os integrantes das outras escolas aproveitaram o microfone da Band - emissora que mostrou ao vivo o desfile das campeãs - para protestar em entrevistas contra a incompetência dos jurados. Se a maioria dos jurados passasse por algum julgamento, nota zero para estes! Mas era dia de festa e as não-campeãs só queriam agradar a galera, e o fizeram competentemente.
Se eu fosse o presidente de uma das escolas do segundo lugar para baixo sugeriria que cada integrante entrasse com uma faixa preta no braço, como se fosse uma braçadeira de capitão de um time, em sinal de luto.
Luto por quê? Quem morreu? Foi o carnaval do povo. O carnaval do povo, do homem do morro, da mulher trabalhadora, que tem apenas essa única alegria no ano, morreu.
Baterias das escolas... façamos um minuto de silêncio em homenagem a esse falecimento.

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