terça-feira, 20 de maio de 2014

SANTOS DUMONT E O FUTEBOL BRASILEIRO


Santos Dumont suicidou-se ao ver seu invento usado para destruir vidas, principalmente durante a Primeira Guerra Mundial. 
É correto o ser humano usar sua inteligência para a sua própria destruição? O avião foi feito com o propósito de transportar pessoas e objetos para largas distâncias com o menor tempo possível, e acabou sendo transformado em arma letal.

O mesmo acontece com o futebol, hoje em dia. O esporte que tanto nos trazia alegrias, tirando momentaneamente, como um sonho, a frustração do povo em outros setores amargos da vida, deixou os verdadeiros boleiros em estado de depressão profunda. Os jogadores eram respeitados, a maioria defendia as cores do clube pelo qual torcia antes de se tornar profissional, e tinham como principal objetivo na carreira representar seu país no gramado de um Mundial. Outro objetivo, tão singelo, sem deixar de ser nobre, era poder comprar uma casa para a família.

Tudo mudou. A ganância alastrou-se como um vírus perverso e incurável. O futebol tornou-se um balcão de negócios, um verdadeiro mafuá, com dirigentes desprovidos do bom caráter, no qual todos os envolvidos possuem apenas um objetivo: enriquecer, não importando como.

O torcedor, cuja única diversão era ir à geral do Maracanã para ver seu time, seus ídolos construírem um sonho - ainda que temporário - pagando o mínimo para isso, nem geral tem mais, depois da reforma dos estádios. E eles próprios acabavam sendo a maior atração, nos divertindo com suas atitudes e fantasias exóticas. Mas, esse sonho acabou.

O torcedor de arquibancada, colecionador de figurinhas dos ídolos dos gramados que acabou virando jogador, a maioria conseguindo passar na peneira de seu time de coração e realizar o sonho de defender seu time, também acabou. O morador que enfeitava sua rua em época de Copa do Mundo virou uma espécie em extinção. 

Fico com medo de que os ex-geraldinos, os ex-colecionadores de figurinhas, os ex-jogadores que amavam o clube pelo qual defendiam, façam como Santos Dumont ao ver tamanha mudança: cometam o suicídio, neste caso em massa. Aí mesmo é que não vai sobrar nem o passado glorioso do futebol. 

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